Protocolo nº 290/2018
Livro VI
DECRETO DE PROMULGAÇÃO
DIRETRIZES PARA A REALIZAÇÃO DE ACAMPAMENTOS
ARQUIDIOCESE DE CAMPO GRANDE – MS
DOM DIMAS LARA BARBOSA,
POR MERCÊ DE DEUS E DA SANTA SÉ APOSTÓLICA
ARCEBISPO METROPOLITANO DE CAMPO GRANDE,
AOS QUE ESTE DECRETO VIREM E OUVIREM,
SAUDAÇÃO, PAZ E BÊNÇÃO NO SENHOR.
Com a graça de Deus, depois de longa reflexão e com o auxílio de vários padres e leigos (as) de nossa Arquidiocese, promulgamos as DIRETRIZES PARA A REALIZAÇÃO DE ACAMPAMENTOS NA ARQUIDIOCESE DE CAMPO GRANDE. Que elas possam servir para que esse precioso instrumento da evangelização possa produzir frutos maduros, para o bem do Povo de Deus que é confiado ao nosso Ministério Episcopal.
Dado e passado em nossa Cúria Metropolitana no dia 25 de maio de 2018.
Dom Dimas Lara Barbosa
Arcebispo Metropolitano de Campo Grande – MS
Pe. Orlando Boeira Cáceres
Chanceler do Arcebispado
DIRETRIZES PARA A REALIZAÇÃO DE ACAMPAMENTOS
NA ARQUIDIOCESE DE CAMPO GRANDE
APRESENTAÇÃO
As presentes diretrizes têm o objetivo de contribuir para que essa importante ferramenta de Evangelização, que são os Acampamentos, possa se integrar no conjunto das ações propostas no Plano Arquidiocesano de Pastoral.
HISTÓRICO
As modalidades de Acampamentos que se encontram presentes na Arquidiocese de Campo Grande – MS são as seguintes: Infantil, Pré-Mirim, Mirim, FAC (Formação de Adolescentes Cristãos), Juvenil, Sênior, ACAMPA II, ASP (Agentes de Segurança Pública) e Casais. Todas elas têm uma origem comum: o Acampamento Juvenil do movimento de “Evangelização 2000”.
A Evangelização 2000 foi um movimento originariamente nascido no México, na década de 80, pelas mãos de José H. Prado Flores e do Pe. Tom Forrest (posteriormente dirigido por outros leigos e sacerdotes católicos), e era uma iniciativa que visava entregar um mundo mais evangelizado no Novo Milênio.
Dentre as várias ações e cursos que o movimento propunha, nasceu o Acampamento Juvenil, que tinha como objetivo levar os jovens a um processo de imersão no Evangelho, em um sítio onde se anunciava o Kerigma, servindo-se de um conjunto de experiências vivenciais, desafios e outras dinâmicas, estimulando-os à reflexão e à partilha de suas vidas.
No Brasil, o primeiro Acampamento foi realizado em 1991, em Brasília – DF, reunindo lideranças de todo o país. Desse Acampamento, formaram-se diversas equipes em todo o território nacional, como em Franca – SP e Petrópolis – RJ, ainda na década de 90.
Em seguida, essa experiência começou a se espalhar pelo Brasil, porém agora, não mais vinculado ao movimento original, mas como um serviço de evangelização independente, que passou a ser adaptado para crianças, adolescentes, jovens, adultos e casais, dentre outros públicos alvos, sendo assumido por paróquias, novas comunidades, ordens religiosas e afins, como uma ferramenta de serviço e de evangelização.
Note-se que Acampamento Juvenil não foi iniciativa do pregador José Prado Flores, mas dos seus sucessores no projeto “Evangelização 2000”.
Na Arquidiocese de Campo Grande – MS, a primeira tentativa de implantar os Acampamentos ocorreu no ano de 2001. Foi realizado com os jovens da Obra Social “Salesianos Ampare”, nas dependências do Seminário Salesiano São Vicente – Lagoa da Cruz, com a participação do Pe. Paulo Sérgio Vital da Cruz.
Nos anos 2005 e 2006, a Comunidade Boa Nova (CBN) começou a estruturar seu projeto de Acampamentos. O primeiro foi realizado em agosto de 2006, no município de Iguatemi – MS. Em 2007, a CBN conseguiu um espaço para realizar seus Acampamentos, o Centro de Formação “Nova Jerusalém”.
Ainda no ano 2007, o Pe. Wagner Divino de Souza introduziu uma proposta de Acampamento para a Catedral Nossa Senhora da Abadia – Paróquia Santo Antônio. Nesta ocasião, articulou com seus paroquianos, recebendo, para tal fim, um espaço denominado “Sítio Bom Pastor” para realizar os seus Acampamentos.
Em setembro de 2008, a Paróquia Santo Antonio realizou seu primeiro Acampamento Sênior e, logo depois, os demais que o sucederam.
Com o passar do tempo, outras Paróquias foram se organizando e levando para dentro de suas comunidades a experiência vivida nos Acampamentos.
Neste sentido, nascem os Acampamentos das Paróquias Nossa Senhora da Abadia de Sidrolândia (com um local próprio, o “Sítio São Francisco de Assis”), Nossa Senhora Auxiliadora (atualmente com uma área cedida), Nossa Senhora da Abadia (com sítio próprio) e Sagrado Coração de Jesus.
OBJETIVOS DO ACAMPAMENTO
– Acolher todos os cristãos: os que foram simplesmente batizados e nunca foram evangelizados; os que por algum motivo se afastaram da igreja; os engajados necessitados de renovação e fortalecimento na caminhada de fé e conversão; bem como os não cristãos que queiram conhecer a espiritualidade cristã e a Igreja Católica.
– Levar adultos, jovens, adolescentes e crianças a uma experiência pessoal e profunda com Jesus Cristo e, assim, crescerem no seu relacionamento com Deus, consigo mesmos, com o outro e com a natureza.
– Reconhecer, na experiência da convivência em pequenos grupos, a importância da partilha da própria vida, o exercício da solidariedade, da fraternidade, do serviço e da prática concreta do Evangelho.
– Apresentar uma espiritualidade que leve a um processo de conversão permanente, através de uma vida de oração e de comunhão com Deus mais intensa; bem como uma participação mais consciente dos Sacramentos da Igreja.
– Engajar os campistas na vida eclesial das Comunidades Paroquiais; bem como iniciá-los numa formação mais profunda (Catequética, Bíblica e Litúrgica), comprometida com a Igreja e com o Reino de Deus (Serviços, Pastorais e Movimentos).
ESPIRITUALIDADE DO ACAMPAMENTO
A espiritualidade vivida nos Acampamentos é essencialmente querigmática, ou seja, o que se quer, o tempo todo, é buscar a Deus, abrir-se a Ele e encontrá-lo pelo anúncio e acolhimento do seu plano de salvação em Jesus Cristo.
Destacam-se alguns elementos sempre presentes e marcantes:
- Centralidade em Jesus Eucarístico, que permanece exposto para perene adoração pela equipe de intercessão na capela, desde o início até o final das atividades, em todos os dias dos Acampamentos; e, também, pelas celebrações diárias da Santa Missa;
- Forte devoção Mariana, seja pelos momentos vividos pelos campistas dedicados à Nossa Senhora, seja pela recitação frequente do terço por toda a equipe de serviço;
- Ênfase no resgate e construção da família, seja pela valorização dos relacionamentos familiares, seja pela necessidade de vivência do amor e do perdão na família.
A formação para a Equipe de Serviço do Acampamento se fundamenta no tripé: “humildade, oração e obediência”. A esse tripé se soma o dueto da Pertença e do Compromisso como atitudes que fortalecem o crescimento comunitário e a responsabilidade de cada um na Obra de Deus.
MODALIDADES DE ACAMPAMENTO
O Acampamento procura atingir todas as faixas etárias e as diversas situações ou vocações da vida humana. Na Arquidiocese de Campo Grande existem as seguintes modalidades:
Acampamento Infantil – Destinado a crianças de 4 a 6 anos. É realizado em um dia, e pretende conscientizar a criança sobre a Criação como expressão do amor do Pai, a existência do pecado e o nascimento de Jesus como salvador da humanidade.
Acampamento Pré-Mirim (kairós) – Destinado a crianças de 7 a 9 anos. É realizado em dois dias, e trabalha a presença de Deus na vida familiar, a obediência e fidelidade à Palavra de Deus, a exemplo de Noé e sua família por ocasião do dilúvio.
Acampamento Mirim – Destinado a crianças de 10 a 13 anos, particularmente as que se preparam para a Primeira Eucaristia. É realizado em três dias, e apresenta a vida pública de Jesus, sua atividade salvífica e sua presença no meio da humanidade, a qual se perpetua mediante a Eucaristia.
Acampamento FAC (Formação de Adolescentes Cristãos) –Destinado a adolescentes de 14 a 17 anos. É realizado em quatro dias. Apresenta a realidade e a importância de Deus, da família e das próprias opções dos jovens que podem leva-los à vida ou à morte. Destina-se a todos os adolescentes, especialmente aos que se preparam para receber o Sacramento da Crisma.
Acampamento Juvenil – Destinado a jovens de 18 a 24 anos, sem filhos e não casados. É realizado em quatro dias. Apresenta os desafios da juventude de hoje, a proposta do Projeto de Deus e as opções que os jovens podem fazer e suas consequências.
Acampamento Sênior – Destinado a adultos maiores de 25 anos ou a pessoas casadas e/ou com filhos. É realizado em cinco dias, e tem como proposta acolher as pessoas em suas mais diversas situações, oferecendo-lhes um caminho de conversão pessoal mediante o anúncio do Kerigma, a consciência da própria realidade, a experiência do amor de Deus, a partilha de vida e a renovação sacramental.
Acampamento de Casais – destinado a homens e mulheres campistas, que tenham vivência conjugal. É realizado em três dias, e proporciona aos casais participantes uma avaliação e renovação do próprio relacionamento conjugal e a redescoberta do amor a dois a partir do amor de Deus. Durante o Acampamento, é apresentado, de modo aprofundado, o Sacramento do Matrimônio e a vivência familiar à luz do Evangelho.
Acampamento Acampa II – Destinado a Seniores e Juvenistas já engajados e que tenham três anos completos do acampamento de origem. É realizado em três dias, nos quais é apresentado o tripé: “Santidade, Comunidade e Missão”, como caminho de conversão, de vivência fraterna e como vocação.
Acampamento ASP (Agentes de Segurança Pública) – Como o próprio nome indica, trata-se de uma modalidade de Acampamento destinada especificamente a Agentes Penitenciários e outros agentes de Segurança Pública (Polícias), Militares das Forças Armadas e das Forças Auxiliares e seus familiares. É realizado em três dias, com a anuência do Ordinariado Militar do Brasil. Essa modalidade de Acampamento deve possuir regulamento próprio, a ser revisto também pelo Ordinariado Militar.
Caso haja necessidade pastoral que possa justificar alterações nas idades para a participação nos Acampamentos, o Pároco ou o Diretor Espiritual deverá apresentar solicitação ao Bispo, por escrito, visando essas alterações. O Acampamento só será realizado após recebida a devida autorização.
Considerando a diversidade de dinâmicas e de duração de cada Acampamento, convém que nos respectivos Regimentos sejam especificados os requisitos para que Campistas provenientes de outras modalidades possam neles servir.
CRITÉRIOS PARA A REALIZAÇÃO DOS ACAMPAMENTOS
Para que seja autorizada a realização de um Acampamento:
- é imprescindível o acompanhamento e a presença permanente de um Presbítero campista ou que conheça profundamente a dinâmica dos Acampamentos, como Diretor Espiritual, durante todos os dias em que o Acampamento se realizar. Se tal Presbítero não for incardinado, nem estiver em missão estável na Arquidiocese de Campo Grande – MS, precisará da autorização escrita do Ordinário local para desempenhar suas funções;
- é igualmente importante a presença do Pároco ou Administrador e/ou do Vigário Paroquial durante todo o tempo de realização do Acampamento, se esse for realizado em nível de Paróquia ou promovido por uma Paróquia, inclusive quando estes não forem o Diretor Espiritual do Acampamento em questão;
- é obrigatória uma preparação prévia, formativa e espiritual, com antecedência mínima de sessenta dias da data do início da realização do Acampamento, para todos os setores e servos;
- é fundamental garantir um número suficiente de servos e servas; por outro lado, evite-se a participação de um número excessivo de pessoas, que podem atrapalhar o andamento das atividades ou prejudicar as atividades normais da Paróquia de onde provêm;
- é obrigatório haver um grupo de, no mínimo, 25 (vinte e cinco) campistas adultos, com caminhada na espiritualidade e conhecimento bíblico, para conduzirem e/ou acompanharem a Evangelização nas casas dos Campistas;
- seja contratado um Seguro para os referidos Acampamentos, que inclua coberturas de responsabilidade civil do organizador, bem como acidentes pessoais dos participantes e da equipe, incluindo despesas médicas, hospitalares e odontológicas. Que esse Seguro seja exigido, inclusive, para quem vai alugar um Sítio para a realização de outras atividades que não sejam os Acampamentos;
- seja organizada a coleta seletiva do lixo, como forma de cuidado da casa comum (Setor do Meio Ambiente);
- seja garantida a presença, nos dias de Acampamento, de um médico e, na falta deste, de enfermeiros ou outros profissionais da saúde;
- seja assegurada a celebração diária da Santa Missa e do Sacramento da Reconciliação (Confissões) durante os dias de Acampamento, por um número suficiente de sacerdotes; se estes não forem incardinados na Arquidiocese de Campo Grande – MS, precisarão de autorização (uso de ordens) escrita do Ordinário local;
- sejam asseguradas as espórtulas aos Presbíteros que auxiliarem nos Acampamentos.
O DIRETOR ESPIRITUAL E SUA MISSÃO NA VIDA DOS ACAMPAMENTOS
- A direção espiritual é fundamental para a preservação da missão, carisma, objetivo e a identidade dos Acampamentos; para que sejam sempre realizados segundo as necessidades e normas da Arquidiocese de Campo Grande – MS, e em comunhão plena com a doutrina e as orientações da Igreja.
- O Diretor Espiritual deve ser um sacerdote que tenha feito a experiência do Acampamento ou que conheça profundamente sua dinâmica, de preferência incardinado na Arquidiocese de Campo Grande – MS ou nela em missão estável.
- É da responsabilidade do Diretor Espiritual: vigilância e supervisão das formações das equipes, com a finalidade de preservar a sã doutrina cristã e auxiliar os membros das equipes com direções espirituais dirigidas para o crescimento da fé.
- Por conta da identidade e do carisma próprio dos Acampamentos, a capacitação das equipes é imprescindível. Deste modo, cabe ao Diretor Espiritual acompanha-los em suas reuniões, auxiliando-os na partilha de vida alinhada com a formação espiritual, incentivando-os, desta forma, para uma profunda vivência da palavra de Deus.
- É função do Diretor Espiritual conduzir, dirigir e zelar para que a evangelização com a pedagogia própria dos Acampamentos alcance os leigos e leigas mais afastados, proporcionando, com ajuda dos Coordenadores Gerais do Acampamento, o retorno, ou mesmo a descoberta do Amor de Deus e da maravilhosa experiência de pertencer à comunidade cristã católica.
- Cabe, ainda, ao Diretor Espiritual, garantir a fidelidade ao Magistério da Igreja, de todas as pregações e as mensagens transmitidas; bem como assegurar que, já durante a realização do Acampamento, os participantes sejam conscientizados da necessidade de seu engajamento na Igreja local e universal, como agentes de transformação do mundo, na construção de uma sociedade justa e solidária.
DA ESCOLHA DOS COORDENADORES GERAIS
- O Coordenador ou Coordenadora Geral de um Acampamento deverá ter suficiente capacidade, maturidade e conhecimento concernente para desempenhar sua missão. Sua escolha deve ser, portanto, bastante criteriosa. Que seja alguém que já tenha uma caminhada na Igreja e a serve, não só nos Acampamentos, mas em todas as suas necessidades eclesiais.
- Caso um Acampamento seja solicitado por uma Paróquia, o Pároco tomará parte ativa nessa decisão, podendo sugerir nomes ou vetar algum nome proposto, fundamentando seu pedido na verdade e na caridade.
- Para melhor discernir sobre os Coordenadores Gerais, é aconselhável ouvir os líderes, coordenadores gerais e de setores que já trabalharam em eventos anteriores e que possuam vasta experiência no desempenho das atividades referentes aos Acampamentos.
- O Coordenador deve ser prestativo e obediente naquilo que o Diretor Espiritual necessitar. A mútua ajuda entre o Coordenador e o Diretor Espiritual devem convergir na condução do Acampamento.
- Cabe ao Coordenador agir e conduzir o itinerário do Acampamento, devendo estar aberto às sugestões que facilitem o alcance dos objetivos essenciais, contando, assim, com a experiência e auxílio, não só do Diretor Espiritual, mas também de outros irmãos que fazem parte do mesmo projeto.
- É salutar que os Coordenadores Gerais de cada modalidade de Acampamento sejam nomeados para mandatos de, no máximo, dois anos. Por outro lado, é recomendável que se busque identificar e formar permanentemente novos Coordenadores, constituindo assessores-aprendizes, favorecendo, assim, um sadio rodízio de Coordenadores de um Acampamento para outro.
DA ESCOLHA DOS COORDENADORES DE SETOR E DA EQUIPE DE SERVIÇO
O Coordenador Geral do Acampamento poderá, sempre em comunhão com o Diretor Espiritual e com o Pároco, escolher os coordenadores de setor, de modo a formar a própria equipe.
A escolha da equipe de serviço ficará a cargo da Coordenação Geral do Acampamento e dos Coordenadores de Setor que, juntos, devem ouvir os responsáveis de cada Setor que trabalharam em outros Acampamentos, recebendo suas sugestões e avaliando as condições de cada pessoa, certificando-se de que a mesma esteja apta ao serviço que lhe é proposto, proporcionando, ao mesmo tempo, capacitação para os iniciantes, e tendo o zelo de não formar “profissionais” de certos setores, porém servos. Essa formação é obrigatória até para os que já serviram em outros Acampamentos, e a frequência à formação é pré-requisito para servir novamente.
O Coordenador de Setor deverá ser uma pessoa que já tenha servido no mesmo. Além disso, convém observar o perfil de cada candidato a esta função, para que possa contribuir onde melhor se enquadrem suas habilidades pessoais, bem como as habilidades de seus ajudantes.
DA ESCOLHA DOS LÍDERES
Líder é um facilitador que, pela amizade fraterna, possibilitará a continuidade de todo processo iniciado com o campista; por isso, sua escolha deve ser muito criteriosa.
Convém que os nomes dos líderes sejam definidos a partir de uma consulta feita aos líderes e coordenadores gerais anteriores. Caso o Acampamento seja apenas de uma Paróquia, o Pároco deve ser sempre ouvido nessa escolha, uma vez que ele deve conhecer bem seus paroquianos e pode ajudar com eficácia nesse discernimento.
O líder tem que ser um campista que já tenha servido em outros Acampamentos, alguém em profundo processo de amadurecimento da fé e conversão constante. Deve, ainda, professar publicamente a fé católica, já ter recebido os Sacramentos da Iniciação à Vida Cristã e, se tiver vida conjugal, ter celebrado o Sacramento do Matrimônio. Deve ser dizimista e membro atuante em sua comunidade.
O convite a uma vida santa é para todos, mas é dirigido de modo especial aos que recebem o múnus de conduzir e instruir. Assim, a formação e capacitação dos líderes devem abordar temas como espiritualidade, relações pessoais e interpessoais, saúde mental e emocional, dentre outros, para que possam enfrentar, com segurança, o desafio que os aguarda.
DA ESCOLHA DO PREGADOR
A pregação é um serviço dentro do Acampamento a ser realizado por um ou mais pregadores e, sempre que possível, por uma “equipe de pregação”, com um Coordenador que, em comunhão com os demais, distribuirá os temas e momentos para cada um.
Os pregadores deverão, sempre que possível, permanecer no sítio durante todo o evento para que sejam evitadas contradições ou repetições de palavras e histórias. Por outro lado, o trabalho em equipe, além de favorecer a formação de novos pregadores, permitirá a continuidade do evento no caso de ausência de algum pregador por motivo de força maior.
A escolha dos Pregadores de cada Acampamento precisa da aprovação do Arcebispo. Caso o Pregador seja um Religioso ou Membro de Instituto Secular ou Sociedade de Vida Apostólica, e não esteja em missão na Arquidiocese de Campo Grande – MS, ou provenha de outra Diocese, será necessária carta de recomendação da parte de seu Bispo ou Superior Religioso.
É profícua e deve ser incentivada a identificação e formação de Pregadores da própria Arquidiocese de Campo Grande – MS, para cada modalidade de Acampamento.
DA AUTORIDADE DENTRO DO SÍTIO
O primeiro responsável dentro do Sítio, sobretudo em questões litúrgicas, pastorais e de foro interno, é o Diretor Espiritual.
O Coordenador ou Coordenadores (quando se tratar de casais ou duplas), são os primeiros responsáveis no âmbito operacional, e terão a prerrogativa de executar e delegar o que for necessário para que o Acampamento aconteça, obedecendo sua finalidade e identidade, sempre em sintonia com o Diretor Espiritual e com estas Diretrizes.
Cabe, ainda, ao Diretor Espiritual em conjunto com a Coordenação Geral decidir sobre casos omissos nestas Diretrizes. Tais decisões serão relatadas por escrito ao Arcebispo, ou a um seu delegado, para que possam, eventualmente, serem incluídas nas presentes Diretrizes.
Ninguém pode tomar decisões ou fazer mudanças dentro do Acampamento, ou de seus desdobramentos específicos, sem a participação do Diretor Espiritual e da Coordenação Geral.
DATAS DOS ACAMPAMENTOS E EVENTOS
As datas dos Acampamentos, bem como de outros eventos a eles correlatos, deverão ser apresentados pelas Paróquias e interessados no final de cada ano, por ocasião da Assembleia Geral de Pastoral, para avaliação e aprovação do Arcebispo ou de quem ele determinar.
Essas datas sejam amplamente divulgadas, assegurando, assim, a participação dos fiéis e favorecendo o acolhimento de pessoas que venham de Paróquias que ainda não fizeram a implantação do Acampamento.
Os Acampamentos são um instrumento, dentre tantos outros, de ação evangelizadora. Assim, as Paróquias deverão cuidar para não adotarem um número excessivo de Acampamentos, de forma a interferir na vida paroquial, procurando valorizar os demais serviços, movimentos e pastorais nela atuantes.
FICHAS E INSCRIÇÕES PARA O ACAMPAMENTO
As Fichas ficarão sob a tutela do Pároco da Paróquia responsável pela realização do Acampamento, ou do Conselho Arquidiocesano para os Acampamentos, caso se trate de uma iniciativa arquidiocesana. Para pessoas que frequentam outras Paróquias, é necessário pedir, após o sorteio, que tragam autorização do respectivo Pároco.
O sorteio das fichas será realizado na Paróquia que promove o Acampamento, em dia e horário pré-estabelecidos e amplamente divulgados, sempre em comunhão com o Pároco e obedecendo ao calendário estabelecido anteriormente, respeitando-se as atividades da Paróquia.
As inscrições serão feitas no dia e horário estabelecidos para o sorteio.
Todas as fichas deverão ser enumeradas e devidamente preenchidas. Os valores provenientes das inscrições serão recebidos pelo Tesoureiro do Acampamento ou pelo Tesoureiro da Paróquia, a quem caberá a efetivação do depósito imediato em conta bancária específica da Paróquia que realizará o evento.
A Paróquia, por meio de seu Conselho de Assuntos Econômicos Paroquial (CAEP), fará a prestação de contas nos padrões vigentes na contabilidade da Arquidiocese, conferida e assinada pela Coordenação Geral do Acampamento, pelo Presidente do CAEP e pelo Pároco.
DOS MOMENTOS DENTRO DOS ACAMPAMENTOS
Para cada modalidade de Acampamento, seja elaborado um Regimento Interno, com o respectivo Cronograma e outras observações quanto à execução de cada momento previsto.
Todos os momentos, sejam eles no salão, na mata, na capela, no refeitório, dentre outros, deverão obedecer ao roteiro já programado e estabelecido no Regimento Interno correspondente. Qualquer mudança, por menor que seja nestes momentos, deverá ser discutida com o Diretor Espiritual, Pregador, Coordenador Geral e com o Representante da Paróquia que realiza o evento, cuidando sempre para que o objetivo principal do Acampamento não seja prejudicado. Essas mudanças deverão ser comunicadas, por escrito, ao Arcebispo, para eventual inclusão nestas Diretrizes, inclusive quando forem decorrentes de imprevistos, seja em decorrência de condições climáticas adversas, seja por causa de atrasos inevitáveis no cronograma.
O DINAMISMO DO ACAMPAMENTO
O “PÓS-ACAMPAMENTO” dará sustentação à caminhada do campista, ajudando-o a superar a fase inicial de um entusiasmo intenso, porém superficial, para se tornar um agente de evangelização.
Para isso, é imprescindível apresentar-lhe a vida na Igreja, salientando que o Acampamento é uma FERRAMENTA a serviço da Evangelização, tratando-se, portanto, de um EVENTO, e não de um movimento ou pastoral.
O “pós-Acampamento” deve necessariamente ser constituído por atividades formativas, tais como:
- Inserção em pequenos grupos de partilha de vida, como é o caso dos Setores ou das Células, dentre outros, em continuidade da experiência em tribos, na perspectiva da construção de uma Igreja, comunidade de comunidades;
- Formações Bíblico-catequéticas: Catequese de Inspiração Catecumenal e Iniciação à Vida Cristã para os que ainda não a têm;
- Escola de Santo André;
- Lectio Divina
- Enchei-vos;
- Retiros de Formação;
- Apresentação da Igreja Católica: quem é e como se organiza;
- Apresentação do Plano Arquidiocesano de Pastoral;
- Curso básico de Liturgia;
- Engajamento nas Pastorais Sociais e evangelizadoras, movimentos e serviços da Paróquia e da Arquidiocese.
Fica ainda estabelecido que, no último dia do Acampamento, no momento mais indicado, sejam reunidos todos os campistas, e lhes sejam apresentadas as principais atividades da Paróquia – explanação esta qualificada pela distribuição de folders ou outros textos informativos acerca da vida paroquial e da Arquidiocese.
DA ADMINISTRAÇÃO E RESPONSABILIDADE FINANCEIRA DOS ACAMPAMENTOS E EVENTOS
Ficará a cargo do Conselho de Assuntos Econômicos Paroquial (CAEP), através do seu tesoureiro, em conjunto com o Coordenador do Conselho Paroquial de Pastoral (CPP), toda a administração financeira dos Acampamentos.
Todo o dinheiro arrecadado em inscrições e/ou doações, com a emissão de Comprovante de Doação, deverá passar pela estrutura da Paróquia, obedecendo o que prescreve o Diretório Arquidiocesano de Pastoral no que concerne à prestação de contas e os desdobramentos contábeis de toda ação administrativa paroquial.
Todas as doações em espécie deverão ser feitas sob a forma de depósito ou transferência bancária para a conta corrente da Paróquia que realizará o evento.
Os pagamentos aos fornecedores dos Acampamentos deverão ser feitos com cheque nominal ou débito bancário, mediante apresentação de notas fiscais válidas (entrada e saída).
DOS REPASSES FINANCEIROS
Recursos financeiros provenientes de inscrições e/ou doações deverão ser imediatamente depositados na conta bancária destinada para este fim. Para cada inscrição será emitido recibo pela organização do Acampamento.
Comprovantes de pagamentos feitos mediante depósito bancário na conta corrente da Paróquia organizadora do evento deverão ser entregues na Secretaria Paroquial para a emissão de recibo.
Para facilitar o controle dos gastos, visando clareza, transparência e equidade, todos os coordenadores de setor, deverão apresentar ao Diretor Espiritual, ao Pároco e ao Coordenador do Acampamento uma planilha de previsão de gastos.
As doações, seja qual for sua natureza, deverão ser contabilizadas. Haja, portanto, uma relação de cada item recebido para se ter clareza da ajuda real que a comunidade recebe ou do investimento que faz. A Paróquia emitirá recibo para todas as doações recebidas, seja em espécie, seja sob a forma de material de consumo, equipamentos ou outras quaisquer.
Com exceção de uma pequena quantia previamente estabelecida para despesas extras ou emergenciais dentro do sítio, que será objeto de prestação de contas ao final do evento, nenhum outro valor em espécie deverá ficar com o Coordenador Geral ou os Coordenadores de Setores, seja antes, durante ou depois da realização do Acampamento. Todos os valores deverão ser repassados imediatamente para a equipe financeiro-administrativa, que fará a devida contabilização, rigorosamente sistematizada em planilhas adequadas, para que, na semana seguinte ao termino do Acampamento, a informação contábil seja disponibilizada à comunidade e ao Conselho Arquidiocesano para os Acampamentos e, a seu tempo, à Cúria Metropolitana.
Todo e qualquer pedido de doações deverá ser feito com a anuência do Pároco, e os valores deverão ser imediatamente depositados na conta corrente específica.
Os valores arrecadados na LIVRARIA e na CANTINA deverão ser incluídos na prestação de contas logo no final do Acampamento.
NOTAS FISCAIS
Todos os gastos com o Acampamento deverão ser comprovados mediante documentos contáveis válidos: Nota Fiscal (inclusive para Micro Empreendedor Individual – MEI), Recibo de Pagamento Autônomo (RPA), dentre outros. Não serão aceitos recibos simples.
Todo e qualquer reembolso só poderá ser realizado mediante nota fiscal, com o CNPJ da Arquidiocese, em valor igual ao descrito em documento contábil válido.
Em casos de dúvidas, a solução seja buscada junto ao Setor Contábil ou a Tesouraria da Cúria Metropolitana.
DO CONSELHO ARQUIDIOCESANO PARA OS ACAMPAMENTOS
Deve-se constituir um Conselho Arquidiocesano para os Acampamentos, composto por sacerdotes, religiosos(as), consagrados(as) e leigos(as), com reconhecida experiência na realidade dos Acampamentos.
Na composição desse Conselho, deverão ser indicados representantes de todas as Paróquias, Congregações Religiosas e Novas Comunidades que trabalham com os Acampamentos de forma sistemática (ao menos um por Paróquia, a critério do Arcebispo).
O mandato dos Conselheiros será de três anos, podendo ser reconduzidos apenas uma vez, por igual período.
Haverá a nomeação de um sacerdote, diocesano ou religioso, como Assistente Eclesiástico para presidir este Conselho. O mesmo deverá ser um sacerdote que tenha vivenciado a experiência do Acampamento, ou que conheça profundamente sua dinâmica. Seu mandato terá duração de três anos; após esse período, poderá ser reconduzido apenas uma vez, depois do que será recomendável a escolha de um novo Assistente Eclesiástico.
Caberá ao Conselho, em comunhão com o Arcebispo:
- aprovar o calendário anual de todos os Acampamentos a serem realizados na Arquidiocese de Campo Grande – MS, cuidando para evitar a sua promoção em número excessivo, o que poderá prejudicar o devido acompanhamento posterior dos campistas;
- zelar pela manutenção da identidade própria de cada etapa de Acampamento a ser realizado na Arquidiocese;
- definir os responsáveis pelas atividades Arquidiocesanas para os Acampamentos;
- homologar, com o Assistente Eclesiástico, os nomes de pessoas aptas a serem Coordenadores Gerais de Acampamentos, e de Pregadores a serem convidados;
- zelar para que, nas atividades relativas aos Acampamentos, a pessoa humana seja considerada em todas as suas dimensões – biológica, psicológica, social, cultural, espiritual;
- defender e promover a dignidade da família, segundo os princípios bíblicos transmitidos pela doutrina católica;
- zelar para que as atividades dos Acampamentos respeitem os limites territoriais próprios da Arquidiocese de Campo Grande – MS, a não ser que seus serviços sejam solicitados ou autorizados pela autoridade diocesana de outras Dioceses do país;
- estabelecer critérios, junto com os Párocos interessados, sobre a participação dos fiéis de uma Paróquia nos Acampamentos promovidos por outra, inclusive como servos;
- cuidar para que os Acampamentos não sejam manipulados com finalidades político-partidárias, empresariais, financeiras ou afins.
CORRESPONSABILIDADE NA MANUTENÇÃO DOS SÍTIOS
Considerando o caráter diocesano dos participantes dos Acampamentos, todos os Sítios e outros imóveis necessários para a sua realização, ainda que adquiridos e mantidos sob a liderança de uma Paróquia em particular, serão registrados sob o CNPJ matriz da Arquidiocese de Campo Grande – MS, e considerados propriedade direta da mesma Arquidiocese. Ainda que seu uso prioritário seja a realização de Acampamentos, estarão disponíveis também para outras iniciativas evangelizadoras.
Para cada Sítio, deverá ser constituída uma Diretoria Executiva própria, composta de duas ou três pessoas, que trabalharão sempre sob a orientação do CPP – Conselho Paroquial de Pastoral e do CAEP – Conselho para Assuntos Econômicos da Paróquia que o mantém. Essa Diretoria Executiva deverá se esforçar para que o Sítio que lhe cabe administrar seja autossuficiente. Os recursos para isso poderão ter fontes diversas, inclusive valores obtidos a título de aluguel do Sítio para a realização dos Acampamentos ou de outras atividades afins.