Minutos antes do início da Santa Missa, Pe. Laércio Chebelo e Pe. Márcio Reis, Coordenação do Clero, acolheram o bom povo de Deus, com a oração do santo terço e músicas.
A Praça do Rádio ficou repleta de fiéis para a solene celebração de Corpus Christi, presidida por dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo metropolitano, na tarde de 30 de maio, quinta-feira.
A Santa Missa foi concelebrada pelos bispos dom Mariano Danecki, OFMConv, bispo auxiliar, dom Vitório Pavanello, SDB, bispo mérito, membros do clero diocesano e religioso e assistida pelos diáconos permanentes Célio Chaves Soares, Francisco Jocely Silva de Freitas e Rodolfo Xavier Saab.
Dom Dimas iniciou sua homilia destacando a preocupação do Papa Francisco pela formação litúrgica de todos os consagrados e do bom povo de Deus, convidando-nos a não perdermos a capacidade do assombro diante do mistério que celebramos em cada sacramento, especialmente na Eucaristia. Sugeriu que a beleza da nossa liturgia certamente contribuirá para que o povo mergulhe ainda mais no mistério, possibilitando uma maior percepção do sentido daquilo que estamos vivenciando, ou seja, a dimensão pascal do santo sacrifício. Mas essa capacidade de assombro não depende de que nossas celebrações sejam verdadeiras apoteoses. Santo Inácio de Loyola, mesmo quando celebrava sozinho, se emocionava a ponto de ir às lágrimas.
Em Jesus, Deus se esvaziou, kenosis, fazendo-se semelhante a nós em tudo exceto no pecado, fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz.
Na verdade, com sua morte, Jesus foi até o fundo onde o ser humano estava, onde tinha se lançado em sua loucura de buscar ser igual a Deus, o que é a essência do pecado original. Jesus, na sua solidariedade vai até a região da morte e nos resgata, e por isso Deus o exaltou e lhe deu o nome que está acima de todo nome.
É o mergulhar nesta realidade que deveria despertar em nós o senso do mistério.
Quando a eucaristia é celebrada, é como se nós tivéssemos sido transportados para o calvário. Com Jesus nós comemos a ultima ceia, com Maria e os apóstolos nós participássemos do seu sacrifício. Antecipado na última ceia, realizado de forma cruenta na sexta-feira santa, e realizado no hoje da história no sacramento da eucaristia.
Ao encerrar, dom Dimas lembrou dom Helder Câmara que ao ser questionado se já havia visitado a terra santa, de forma muito simples respondia que todo lugar onde se celebra a eucaristia é terra santa.
Assim, hoje, aqui é terra santa. O nosso coração é terra santa. As nossas paróquias e comunidades são terra santa cada vez que nos voltamos para o santo sacrifício e na força do Espírito Santo podemos haurir dos frutos da única redenção que o Senhor veio nos trazer.
Pe. Cleber Brugnago, Coordenador Diocesano de Pastoral, fez os agradecimentos às autoridades, órgãos do governo municipal e estadual, voluntários, TV Imaculada e fieis das paróquias e comunidade que não pouparam esforços, muitos ainda no romper do dia, para a confecção do magnífico tapete.
Participaram 43 paróquias, cerca de 2.300 voluntários e 1.083 metros de tapete. A estimativa da Polícia Militar aponta para aproximadamente 33 mil pessoas!
Procissão
O carro com o Santíssimo seguiu o trajeto programado, saindo da Praça do Rádio, na Av. Afonso Pensa, 13 de Maio e finalizou na Av. Fernando Correa da Costa, para a benção final. Pela primeira vez, a procissão contou com a presença da cavalaria da Polícia Miliar e soldados da Guarda de Honra do Exército. Pe. Wagner Divino de Souza animou a procissão com orações, músicas e fortes momentos de louvor.
Histórico sobre a Solenidade de Corpus Christi
A fé em Deus, Pai, Filho e Espírito Santo (Trindade), não é uma experiência distante e inatingível, porque Ele está próximo de nós com um perene “partir” do pão: “Este é o meu Corpo! Este é o meu Sangue“!
Em 1207, uma monja Agostiniana, de apenas quinze anos, Juliana de Cornillon, de origem belga, teve a visão de uma lua cheia, com uma mancha opaca. Os especialistas daquele tempo a interpretaram assim: a lua cheia representava a Igreja; a mancha opaca era a falta de uma festa para celebrar, de modo especial, o Corpo de Cristo na Eucaristia. Ano seguinte, a mesma religiosa teve outra visão, mais clara que a anterior, mas teve que lutar muito para a instituição desta festa, que só foi possível, em nível diocesano, em 1247, quando Roberto de Thourotte se tornou Bispo de Liége. Em 1261, o ex-arquidiácono de Liège foi eleito Papa Urbano IV. Em 1264, impressionado por um milagre eucarístico, que ocorreu em Bolsena, perto de Orvieto, onde morava, promulgou a bula Transiturus, com a qual instituía a nova solenidade, celebrada em honra do Santíssimo Sacramento, na quinta-feira depois de Pentecostes.
Tomás de Aquino foi encarregado de compor um ofício litúrgico para a solenidade: o hino mais famoso foi Sacris solemniis, cuja penúltima estrofe, que começava com as palavras Panis angelicus (Pão dos anjos), foi sempre tocada e cantada, separadamente, do resto do hino. Papa Urbano IV faleceu dois meses da instituição desta festa. Por isso, a bula nunca foi colocada em prática. Os Papas Clemente V e, depois, João XII, a restabeleceram em 1317.
Durante sua Visita pastoral a Orvieto, São João Paulo II afirmou: “Embora a sua celebração não seja coligada, diretamente, com a solenidade de “Corpus Christi”, instituída pelo Papa Urbano IV, com a bula Transiturus, em 1264, tampouco com o milagre de Bolsena, no ano anterior, não há dúvida, porém, que o mistério eucarístico é fortemente evocado aqui, pelo corporal de Bolsena, para o qual foi construída uma capela especial, que o custodia com zelo. Desde então, a cidade de Orvieto é conhecida, em todo o mundo, por este acontecimento milagroso, que recorda a todos o amor misericordioso de Deus, que se tornou alimento e bebida de salvação para a humanidade peregrina na terra. Sua cidade preserva e alimenta a chama inextinguível do culto a este mistério tão grande” (17 de junho de 1990).
“No primeiro dia dos Ázimos, em que se imolava a Páscoa, perguntaram-lhe os discípulos: “Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa?… Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, o partiu e lhes deu, dizendo: “Tomai, este é o meu corpo”. Em seguida, tomou o cálice, deu graças, lhes deu e todos beberam. E disse-lhes: “Este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos”. (Mc 14,12;22-24).
Eucaristia, sacramento de comunhão
À luz da Ascensão e de Pentecostes, plenitude do mistério pascal, o gesto de Jesus, durante a Última Ceia, assume hoje um significado bem mais profundo: graças ao Espírito Santo, este gesto torna-se eterno, infinito, do qual todos podem se alimentar. A Eucaristia é uma experiência de comunhão, dom de uma vida que se torna amor; neste mistério, o homem reencontra o perdão, que o faz viver e o torna capaz de amar novamente.
Eucaristia não é um gesto, mas um estilo
A Eucaristia não é apenas um “gesto”, mas um “estilo”, um modo normal de viver, que nos leva a pegar a vida nas mãos para a oferecer e restituir aos outros como dom. Com a Eucaristia entendemos o que significa “o Reino de Deus está próximo”, ou seja, está presente na Igreja, que vive da Eucaristia, que celebra a Eucaristia.
Sacramento incompleto
As palavras dos Bispos italianos continuam atuais: “Muitos cristãos vivem sem Eucaristia; outros participam da Eucaristia, mas não frequentam a Igreja; outros celebram a Eucaristia na Igreja, mas não vivem a Eucaristia com coerência”. (“CEI, Eucaristia, Comunhão e Comunidade“, 1983,61). Enfim, a Eucaristia, ainda hoje, é um sacramento incompleto!