Setorização chega ao município de Bandeirantes

Nos dias 17 e 18 de janeiro o padre Agenor Martins da Silva, CSsR, coordenador diocesano da setorização, vai semear o projeto na Paróquia de Nossa Senhora Aparecida de Bandeirantes, município a 70 quilômetros de Campo Grande.

O padre convida a todos para juntos iniciarem este processo de semeadura da setorização no município, celebrando com a comunidade e reunindo-se com a coordenação paroquial para dar andamento ao projeto da setorização.

Setorização

A prática dos setores reunindo-se nas casas para refletir e rezar tem uma longa história na Igreja do Brasil. Já no tempo do Brasil colonial, por falta de ministros ordenados, o povo católico se reunia nas casas, em frente a oratórios, para reza do terço e a celebração dos santos padroeiros. Nos anos 60, por influência da teologia do Concílio Vaticano II (1962-1965), passou- se a dar destaque à Bíblia. Sempre houve muitos grupos, motivados especialmente por momentos ou eventos: Tempos litúrgicos; Campanha da Fraternidade; mês das vocações; semana da família; encontros de juventude; encontros das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs); pastoral política nos anos de eleições; vinda do Papa, em 1991. Infelizmente, porém, esta iniciativa foi-se enfraquecendo no final dos anos 80. Mesmo assim, houve muitas paróquias e comunidades que continuaram elaborando materiais e mantendo viva a chama dos setores permanentes, sobretudo com a prática das novenas de Natal e da Quaresma.

O que é um setor?

  • É um grupo de pessoas que se reúnem nas casas, para rezar, refletir, partilhar, à luz da Palavra de Deus, a realidade que a cerca, com o compromisso de ações práticas para a transformação dessa realidade.
  • É um grupo de pessoas que querem fazer a experiência do encontro com Deus, que é Amor e Vida; são pessoas que querem aprender a prática da oração em comum, da vivência fraterna, da vida cristã.
  • É um espaço onde as pessoas se encontram para partilhar a vida, a fé e a oração, na ligação entre Bíblia e vida, revelação e realidade, Palavra de Deus e ação humana.
  • É um local em que as pessoas são valorizadas, conhecidas pelo nome, onde as pessoas se sentem Igreja, onde fazem a experiência de serem iguais, filhos e filhas do mesmo Pai.
  • É uma manifestação de resistência profética, de construção da cidadania, de descoberta de novos caminhos de vida cristã e ação social, de solidariedade e de testemunho de vida.
  • É um meio privilegiado de evangelização e de valorização da vida, em qualquer ambiente.
  • É um lugar onde surgem novas lideranças, onde as pessoas descobrem seus dons e carismas, para colocá-los a serviço da comunidade, através dos diversos ministérios, pastorais, organismos etc.
  • É um espaço onde se busca ser Igreja conforme o modelo das primeiras comunidades cristãs; Igreja que vai ao encontro das pessoas; Igreja nas casas, nos condomínios, nas ruas; Igreja Povo de Deus; Igreja que liga Palavra, fé e vida.
  • É um modo de catequese permanente com adultos, crianças e jovens, um espaço onde todos aprendem e ensinam, sinal da vitalidade da Igreja e de sua irradiação missionária.
  • É um instrumento que contribui para a renovação da Igreja, para a conversão pessoal e a conversão pastoral, para revitalizar a paróquia, fazendo dela “comunidade de comunidades”.
  • É um espaço que responde às exigências atuais da evangelização, juntamente com as comunidades eclesiais de base (CEBs) e outras formas válidas de pequenas comunidades, inclusive redes de comunidades, de movimentos, de grupos de vida, de oração e de reflexão da Palavra de Deus (DAp 180).
  • É um dos pontos de partida para uma nova sociedade de justiça, solidariedade, igualdade e paz.
  • É um grupo que se identifica pela prática do compromisso, da partilha e da solidariedade, e pela celebração da própria vida em relação com a vida de Jesus Cristo e de sua proposta de um Reino de paz e justiça.
  • É o lugar onde todas as pastorais, movimentos devem atuar.

   Quais os objetivos dos setores?

  • Contribuir para uma renovação da consciência da identidade e da missão da Igreja.
  • Proporcionar aos fiéis a oportunidade de viverem a simplicidade da vida cristã.
  • Ser um espaço de comunhão e participação.
  • Ser espaço onde as pessoas, sobretudo as famílias vizinhas, se conheçam e criem laços de amizade, solidariedade e fraternidade.
  • Descobrir a revelação de Deus no cotidiano de nossa realidade.
  • Despertar para a experiência afetiva de Deus. Criar espaço para que o povo possa se manifestar e  expressar na partilha de sua vida de fé e de sua sabedoria.
  • Evangelizar, a exemplo de Jesus, pela Palavra de Deus e pelo testemunho.
  • Manter viva e perseverante a fidelidade das comunidades “aos ensinamentos dos apóstolos, à comunhão fraterna, à partilha e às orações”, tal como foi descrito em Atos 2,42-47.
  • Favorecer a consciência de ser Igreja, animar as pessoas para a vida comunitária e eclesial.
  • Tornar a Palavra de Deus mais conhecida.
  • Possibilitar a leitura da Bíblia a partir da realidade.
  • Superar o anonimato, o individualismo, a divisão, o egoísmo, o espírito de competição e a ganância que o atual sistema, regido pelo mercado, produz nas pessoas.
  • Contribuir para que a paróquia seja “comunidade de comunidades”, a serviço da vida.
  • Despertar e exercitar a consciência da cidadania cristã.
  • Provocar a consciência crítica diante da realidade social, política, econômica, ideológica.
  • Estimular as pessoas para a responsabilidade de cada qual na transformação da realidade, como protagonistas da nova sociedade.
  • Ajudar o povo a conscientizar-se de seus próprios direitos, a se organizar e a lutar por eles.
  • Por fim, formar e construir verdadeiras comunidades comprometidas com o projeto de Jesus, isto é: Comunidades onde todos participem, tenham voz e vez.
  • Onde todos os serviços são repartidos e assumidos por todos e entre todos.
  • Onde se celebra a fé e a vida.
  • Onde há partilha, entre-ajuda, igualdade, co-responsabilidade, testemunho.
  • Onde “todos tenham vida e vida plena” (Jo 10,10).

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